Filmes com histórias de superação são tão presentes no cinema que fica difícil imaginar algum elemento que possa surpreender o espectador nesse contexto. A indústria americana, por sua vez, parece gostar muito de unir esse conceito a personagens lutadores, consagrando filmes como «Rocky», de John Avildsen, «Menina de Ouro», de Clint Eastwood, e «O Lutador», de Darren Aronofsky. Todos eles foram destaques em premiações na época de lançamento.
“O Vencedor”, filme baseado na vida do lutador norte-americano Micky Ward, segue exatamente a linha desses filmes que não requer muito esforço para se ter uma ideia do desfecho. Um esportista inicialmente fracassado, o rompimento parcial com a família (que o pressionava o tempo todo), a força de um grande amor, problemas com um irmão drogado e a mãe possessiva, a volta por cima e o triunfo final. Mesmo com tantos clichês, o que torna esse filme especial em relação aos outros com temática semelhante?
O filme começa com um suposto documentário da HBO sobre a vida e carreira do irmão de Ward (Mark Whalberg), o também boxeador Dicky Ecklund (Christian Bale), verdadeiro destaque da trama. Dicky viveu o auge da sua carreira no ano de 1993, quando derrotou o campeão mundial Sugar Ray numa luta histórica e vive dessa fama atá hoje. Com o título, ele ficou conhecido como o «orgulho de Lowell». Durante as filmagens, detalhes da rotina dos irmãos são mostrados: a amizade, o trabalho, os treinos e os problemas pessoais.
Por conta do seu vício em drogas, Dicky acaba arruinando a sua carreira como boxeador. Esse vício o leva a diversas prisões e ao afastamento das relações em família. «Contei uma piada que fez todo mundo chorar», os versos da canção «I Started a Joke», do Bee Gees, cantado por ele em uma das cenas mais emocionantes do filme, dão uma noção do quanto ele fracassou na vida inclusive com o irmão. Superado o choque inicial de ver o Christian Bale tão magro (repetindo a façanha que havia feito em «O Operário»), o personagem dele foi o que mais me cativou no filme. Dicky na verdade é o protagonista da história e, percebendo essa inversão de papéis, o estúdio o colocou sempre em destaque com relação a Micky (inclusive no cartaz). Ele é tão importante para o funcionamento da trama quanto o próprio personagem de Whalberg.
A temática boxe pode causar receio em algumas pessoas que não são fãs do esporte (assim como a temática ballet em “Cisne Negro”), mas o que está em jogo na história vai além das cordas do ringue. Amizade, lealdade, força e persistência. “O Vencedor” traz uma lição de vida exemplar, capaz de divertir e emocionar em muitos momentos. As cenas de luta não foram tratadas com muita importância, pois servem apenas para ambientar a trajetória dos irmãos no esporte. Talvez esse seja o único ponto que possa decepcionar o público, principalmente os fãs dos filmes citados no início do texto.
O filme tem um bom ritmo, fazendo com que o espectador esteja o tempo todo torcendo pelos irmãos boxeadores dentro e fora dos ringues. A profundidade nos personagens e as atuações muito bem realizadas tornam “O Vencedor” um drama além da média. Um filme simples e bem construído sem invenções espetaculares que pode fazer o espectador mais incrédulo sair da sessão com um sorriso estampado no rosto.
at 11:56
Vi muitas pessoas comentando a respeito da luta, mas eu na verdade nem me importei muito com este detalhe. Mas vocÊ tem razão, não foi dado muita importância nas filmagens para as lutas que ficaram bastante inverossímeis.
De qualquer forma, manajdo ou não, é um grande filme, emocionante e simples.
at 17:00
Realmente é um filme emocionante, mas é bem parecido com os outros do gênero. Superação através do esporte e coisas do tipo.
Mas até que vale a pena.
Vanessa Sagossi
comentandoofilme.blogspot.com