
Bobby Kennedy, Marilyn e JFK na capa do livro. A foto foi tirada após a festa de aniversário do Presidente, aquela do famoso "Happy Birthday, Mr. President". É o único registro da noite, os outros foram apreendidos pelo Serviço Secreto.
Este ano completam-se 50 anos da morte de Marilyn Monroe. Por conta disso, a estrela está sendo lembrada por toda parte. Uma exposição de fotos e filmes acaba de chegar ao Brasil, a estreia de Sete Dias com Marilyn está prevista para 23 de março, o festival de Cannes anunciou que a homenageará em sua próxima edição e a FOX lançou um box com 13 de seus filmes.
Todas essas homenagens lembram o glamour e o carisma da diva, deixando claro que mesmo depois de tantos anos ela não é esquecida.
Mas nem todos lembram Marilyn com tamanho glamour. É o caso do jornalista francês François Forestier, que no livro Marilyn e JFK desglamouriza – e muito – a atriz.
O livro trata, como o título aponta, da relação entre Marilyn Monroe e o ex-presidente americano John Fitzgerald Kennedy, eleito em 1960 e morto num atentado em 1963. Mas, muito mais do que um relato do romance, o livro se concentra num aspecto especial do relacionamento: a pesada vigilância sob a qual o casal esteve constantemente submetido.
Numa época em que a espionagem parecia estar ao alcance de qualquer pessoa, a vigilância vinha de muitas partes: da família Kennedy, da máfia, de detetives particulares, do FBI (o diretor J. Edgar Hoover, aquele mesmo que o DiCaprio interpretou recentemente, é figura constante no livro) e da CIA.
Escrever uma história sobre espionagem é também escrever uma história sobre segredos, e para contar uma história assim, segundo o próprio Forestier, é preciso ter um defeito: má índole, característica que o escritor reivindica, como que orgulhoso, para si.
É difícil, já que não se sabe muito sobre os métodos de pesquisa utilizados, saber o que é e o que não é informação confiável. Na verdade, o livro inteiro, pela falta de explicações sobre as fontes, soa como uma grande reunião de fofocas, o que é intensificado pelo estilo ferino, irônico e um tanto maledicente do autor.
O nível de «achismo» assusta em algumas passagens. Por exemplo, quando da estadia de Marilyn num hospital psiquiátrico, Forestier chega a descrever os pensamentos da atriz. Quer dizer, como ele poderia saber de coisas assim?
Para os fãs de Marilyn talvez não seja um relato agradável de ler. O autor a descreve como uma mulher sem higiene, egoísta, depressiva e «esperta, mas não inteligente». JFK, tampouco, é poupado. O ex-presidente é descrito como um mulherengo, e mais nada. Um ou outro bom momento de sua carreira política é destacado mas fica totalmente em segundo plano. No leitor fica a impressão de que ser Presidente é encontrar-se com mulheres o tempo todo, inclusive nas dependências da Casa Branca.
Apesar de tudo que pode ser dito sobre o livro (a falta de clareza a respeito das fontes e o tom pessoal que se pretende objetivo), não dá pra negar que se trata de uma leitura atraente, daquelas bem difíceis de largar. Verdadeiras ou não, Forestier nos apresenta a um conjunto de histórias que instigam a curiosidade, envolvendo toda sorte de pessoas famosas e/ou poderosas. São histórias sempre polêmicas, às vezes tristes, que envolvem sexo, traição, escândalos políticos e pessoais, e que nunca são floreadas ou romantizadas.
As mortes de Marilyn e JFK, episódios sempre revestidos por uma série de especulações e teorias da conspiração, também são abordadas por Forestier. Ele questiona a versão oficial da morte de Kennedy, problematizando vários pontos do atentado que o matou, em Dallas. Em suas palavras, «[…] Microfones nos colchões, buracos nas paredes, lunetas à distância […] As casas têm olhos, os ouvidos têm paredes. E querem que se acredite que não sabem quem assassinou Kennedy?».
Já sobre a morte de Marilyn, o autor endossa a versão oficial, que atribui a overdose de barbitúricos como causa, desacreditando quaisquer outras teorias. Para ele, a atriz sempre foi uma suicida em potencial.
Marilyn e JFK é um livro que conquista a atenção do leitor, e não podia ser diferente, afinal, estamos falando de duas marcantes personalidades do século XX, que morreram jovens, no auge da beleza e da exposição midiática, e que continuam emblemáticas para os dias atuais.
at 17:56
Que belo texto Deise. Então…a Marilyn não foi lá das mais bem faladas mulheres nessa vida, mas quem é que vai julgá-la!?!
Bom, eu achei interessante o livro que citou, ma não sei se gostaria de ler uma critica tão pessoal desse escritor para esses personagens famosos e representativos na história (da midia, inclusive).
Me pareceu bem escrito, mas não dá pra esquecer que muita coisa é especulação, dedução…
E sobre o filme do Leo..o.o eu assisti e gostei bastante…é demorado, porém interessante. O Clint arrebenta sempre.
Sete dias com Marilyn vou ver amanhã 😛
:**
at 18:48
Bárbara, obrigada!
No final das contas, a minha opinião sobre o livro é mais negativa do que positiva. Eu adoro a Marilyn e a minha vontade de lê-lo veio mais da curiosidade a respeito de qualquer material sobre ela. Quando comecei a ler, percebi que era uma leitura bem atrativa (eu li de um dia pro outro, pra você ter uma ideia), mas, por outro lado, é uma leitura sórdida. E não só pelas histórias (verdadeiras ou não) que ele conta. A sordidez está também no autor, sabe. O leitor percebe a má vontade que ele tem com os personagens, a forma como se envolve, às vezes até se mostrando enraivecido. E há coisas que ele conta que não são apenas escandalosas ou polêmicas, mas também degradantes e tristes, como um trecho que descreve um suposto estupro sofrido por Marilyn. Marilyn não merece um retrato como esse. Enfim, pra quem gosta de ler sobre bastidores do cinema, da política e a vida das celebridades pode ser interessante, mas acho que os pontos negativos pesam mais na hora de avaliar o livro.
Sobre os filmes, ainda não vi J. Edgar. Tô doida pra ver! Sete Dias com Marilyn eu vi. Adorei, achei um filme lindo 🙂
Beijos
at 10:24
Verdade. O livro é sobre duas personalidades bem marcantes. E, como qualquer caso do tipo, acho que esse deve ser um livro mais dado a especulações que a fatos mesmo. Até leria, mas sem muita expectativa.
at 16:36
É mesmo um livro mais dado a especulações, Kamila. Talvez ser criterioso e exato nem tenha sido uma das ambições do autor. Acho que ele estava mais preocupado em escrever algo que fosse impactante e que chamasse a atenção. E acho que conseguiu.
at 11:53
Juro que fiquei tentada para ler este livro!
Dona Deise, seus textos são ótimos e sempre fico com essa vontade de ler o livro ou ver o filme! =)
Bjs
at 16:38
Eba!!! Que bom, Priscila! Obrigada. Bjs!