«O Artista», o mais festejado dos indicados ao Oscar deste ano, se destaca entre os demais por ser um filme mudo e em preto e branco. Dirigido e roteirizado pelo francês Michel Hazanavicius, conta a história de George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo que vê sua carreira declinar devido à emergência do cinema falado.
Coincidentemente, «O Artista» se aproxima de «A Invenção de Hugo Cabret«, outro dos indicados ao Oscar de melhor filme. A aproximação se dá pelo fato de ambos, cada um a seu modo, homenagearem o cinema de outras épocas. Enquanto o filme de Scorsese recupera a produção cinematográfica de Georges Méliès, «O Artista» aborda a passagem do cinema mudo para o cinema falado na Hollywood dos anos 1920.
A transição para o cinema falado se deu entre os anos de 1927 e 1932 e, no início, muita gente acreditou tratar-se de um simples modismo. É o caso de George Valentin, personagem principal de «O Artista». Quando apresentado à ideia do cinema falado, o ator ri. E como se recusa a aceitar o novo modo de fazer cinema – insistindo em protagonizar filmes mudos – cai no esquecimento. Se antes reunia fotógrafos e fãs na porta do estúdio, agora passa despercebido pelas ruas.
Ironicamente, quem se torna a musa do cinema falado é Peppy Miller (Bérénice Bejo), cuja carreira Valentin ajudou a construir. Peppy Miller serve de contraponto ao decadente George Valentin. A estrela nascente sai em capas de revistas, seus filmes provocam filas enormes nas bilheterias, é a nova queridinha do público. Enquanto ele está declinando, ela está em ascensão. Mas, ainda assim, suas vidas se cruzam em vários momentos, e é por meio dessa relação cheia de desencontros que podemos acompanhar as transformações por que passam o cinema da época.
Os personagens principais, com suas caras e bocas, são extremamente carismáticos. O elenco mostrou-se talentoso ao recriar com perfeição os trejeitos e expressões exageradas comuns aos artistas do cinema mudo. E, claro, falar do talentoso elenco não é falar apenas do casal de protagonistas, mas também do cachorro Uggie, aquele mesmo que roubou a cena na cerimônia do Globo de Ouro e que não poderá fazer o mesmo no próximo dia 26.
Embora a ausência de cores e diálogos possa provocar um certo estranhamento, «O Artista» é um filme que conquista com facilidade os espectadores. Trata-se de uma história simples e bem contada, dotada de uma leveza que se mantém mesmo nos momentos mais dramáticos da trama.
at 22:41
O filme parece ser bem fofo e emocionante. Só que fico pensando se eu vou conseguir ver um filme assim: preto e branco e mudo, pra acabar de completar! Será? =| Sua crítica me deixou bem tentada Deise…com muita vontade de ver! =)
at 23:28
Priscila, no começo fiquei com um pouco de preguiça, por não estar acostumada com o formato. Mas depois passou rapidinho. A história é muito leve, você logo se apega aos personagens, todos fofos. Embora seja um filme com uns recursos diferentes, soa bem familiar pra gente, porque é uma história bem comum no cinema: aquela de uma personalidade que está em ascensão, chega no auge da fama, daí cai em declínio pra depois se recuperar e tal. Veja mesmo, eu acho que vale a pena! =)
at 9:31
É verdade, ambos homenagearam o cinema «tradicional» ou melhor clássico. E achei que cada um espetacular da sua maneira. Mas AINDA não vi The Artist.
Estou só aguardando!
:*