Hollywood é uma indústria que privilegia a juventude e a beleza. Sintoma disso, estão sempre surgindo nas telas jovens e belos rostos, ao passo em que os papeis começam a escassear para aqueles que passam dos quarenta ou cinquenta anos, sobretudo no caso das mulheres.

Numa indústria que se preocupa, majoritariamente, em contar histórias sobre jovens, sobra para os atores mais velhos os papeis de coadjuvantes. Por conta disso podemos contar nos dedos as poucas produções que põem pessoas da terceira idade como protagonistas. É possível, por exemplo, lembrar de alguma outra comédia romântica como Alguém Tem Que Ceder, de 2003, em que Jack Nicholson e Diane Keaton estrelam como par romântico? Não.

Lançado em 2011 e dirigido por John Madden, de Shakespeare Apaixonado, O Exótico Hotel Marigold é uma dessas exceções. O filme conta a história de um grupo de idosos que, procurando uma alternativa aos caminhos que a vida lhes reservou – morar com os filhos, continuar num emprego onde não são felizes ou aceitar, como quer a sociedade, o final da sua vitalidade sexual e amorosa – decidem mudar-se para um hotel especializado em hospedar «idosos e formosos», na India.

Ao serem recebidos por Sonny, o simpático, cheio de ideias, mas um tanto atrapalhado gerente, percebem que a realidade não faz jus à propaganda glamourosa. A busca de Sonny por tornar o Hotel Marigold o lugar luxuoso com que sonha e que vendeu aos seus hóspedes é o pano de fundo da história, que também se concentra na exploração dos cenários cheios de cor e movimento da Índia, nos conflitos culturais, na dissolução de preconceitos e na construção de amizades e romances.

O filme pode parecer demasiadamente sentimental, previsível e cheio de passagens e diálogos clichês. Pode parecer, também, bastante simplista, visto que os problemas que os personagens enfrentam se resolvem facilmente, meio que num passe de mágica. Mas, nada disso importa muito, pois nota-se que a principal intenção do filme não é mesmo criar uma história intricada, complexa e intensa, mas sim focar nos momentos delicados e tocar a sensibilidade do espectador.

E esses objetivos são plenamente alcançados, em grande parte, pela competência dos atores e atrizes. O elenco, recheado de célebres nomes do cinema inglês como Judi Dench, Bill Nighy e Maggie Smith sustenta muito bem os personagens. Fica difícil apontar a melhor performance ou dizer qual deles é o mais carismático. Dev Patel, o ator britânico que conquistou a simpatia do público em Quem Quer Ser um Milionário? é responsável, no papel de Sonny, pela maior parte dos momentos de humor. O destaque fica também para Maggie Smith, que interpreta a preconceituosa e tradicional Muriel Donnelly.

Leve, atraente, divertido e tocante, O Exótico Hotel Marigold chama a atenção para a representação dos homens e mulheres de terceira idade, frequentemente esquecidos e invisibilizados pelo cinema. Numa sociedade que promove um exacerbado culto à juventude (associando a beleza e a felicidade, exclusivamente, a essa fase da vida) mostrar gente com mais de sessenta anos como sujeitos em evidência é, de fato, um mérito importante.

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