O Grande Truque (The Prestige)Todo truque de mágica consiste em 3 atos. No primeiro momento, o mágico apresenta ao público um objeto aparentemente comum (uma argola, um baralho, um tecido…)  e pede para que algum voluntário o examine para ter certeza de que se trata de um simples objeto, sem alterações. Esse primeiro momento é chamado de promessa.

Após desviar a atenção da platéia para outro ponto, o mágico transforma aquele objeto em algo extraordinário, fazendo-o «desaparecer» por exemplo. É o momento da virada. Todos se perguntam «como isso pode acontecer?», expressões de desconfiança surgem na platéia. O objeto parecia comum a princípio, e no fundo todos sabia que provavelmente não era. Então por que a surpresa?

Como se não bastasse, o mágico precisa do terceiro momento para fechar com louvor o seu show. A parte mais difícil: A apoteose. Não basta fazer o objeto «sumir», trazê-lo de volta é o que vai determinar o sucesso da mágica. O final é espetacular, os aplausos são ouvidos e finalmente as cortinas se fecham.

A arte do ilusionismo tem suas peculiaridades. Cada mágico tem suas habilidades, seus métodos e na verdade, o espectador não está em busca de uma resposta. Ele quer ser enganado. «O Grande Truque», filme dirigido por Christopher Nolan (A Origem), aborda essa questão desde a primeira cena, onde um garoto assiste atentamente um truque simples envolvendo um pássaro e uma gaiola.

A Londres do século XIX é o cenário dessa incrível história que tem a magia como pano de fundo. Na trama, os mágicos Robert Angier (Hugh Jackman, X-men) e Alfred Borden (Christian Bale, O vencedor) vivem competindo entre si desde que se conheceram, isso faz com que a amizade dos dois se transforme em uma grande rivalidade com o passar dos anos. Quando Alfred apresenta um truque revolucionário, Robert fica obcecado em descobrir como ele conseguiu realizá-lo, e isso traz consequências nada agradáveis para ambos.

O filme faz um paralelo entre a beleza do ilusionismo e a busca da «verdade» nessa prática. Robert faz exatamente o que o público «de fora» se nega a fazer, procurando explicações para o que está sendo mostrado no palco. Mas em cena, o que realmente importa não são as explosões, as cartas na manga ou os cadeados quebrados. Esses elementos só servem para esconder a densa relação entre os dois personagens, que é o verdadeiro foco da trama.

Para quem gosta de uma história original, cheia de reviravoltas, «O Grande Truque» é altamente recomendado. O roteiro bem desenvolvido somado ao bom desempenho do elenco, fazem dele um grande espetáculo de magia cinematográfica. Nolan não quis dar respostas fáceis ao espectador, ao invés disso, nos faz pensar (e muito) assim como fazem os bons ilusionistas.

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