Jogo de Poder (Fair Game)Desde que as torres gêmeas, um dos símbolos mais imponentes da economia norte-americana, foram submetidas ao espantoso ataque terrorista de 11 de setembro, a rotina da população americana nunca mais foi a mesma. O evento de proporções globais e a gestão questionável do presidente Bush na época do atentado, foram assuntos de inúmeras discussões ao redor do mundo.

No cinema, volta e meia o tema está em evidência novamente, ainda que filmes de teor político estejam fadados ao fracasso de bilheteria em solo norte-americano. Exemplos não faltam. Produções como «Leões e Cordeiros», «Syriana» e «Rede de Mentiras», foram simplesmente ignoradas por trazerem a tona uma realidade política que nem todos os americanos estão dispostos a ver (ou aceitar).

Apoiando-se também na questão governamental dos EUA, «Jogo de Poder» se junta ao seleto grupo de obras corajosas o suficiente para jogar no ventilador os verdadeiros acontecimentos por trás da guerra ao terror pós 11 de setembro. Com diálogos precisos e uma abordagem sem exageros, o filme mostra a história real de um dos maiores escândalos políticos do país na visão de um casal que esteve presente nos bastidores da história.

Valerie Plame (Naomi Watts) era uma agente da CIA designada pelo governo para investigar a possível ameaça do Iraque estar produzindo uma arma nuclear. Seu marido, o diplomata Joseph Wilson (Sean Penn), foi enviado ao Níger por indicação dela, com a afirmação de que o país africano teria vendido uma enorme quantidade de material químico a Sadam Hussein.

Após verificar que a operação nunca ocorreu, Wilson envia o relatório a Casa Branca, que logo é ignoradopor conta de interesses maiores. Mesmo com as informações explícitas no relatório, o presidente declara guerra ao Iraque naquele discurso que parou a nação americana em 2003. Indignado com a postura do governo, o diplomata escreve um polêmico artigo para o The New York Times afirmando que a administração do presidente George W. Bush manipulou informações sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque, de forma a justificar a invasão. Em contrapartida, o governo revela a identidade de sua esposa, colocando em risco a vida do casal.

Dirigido por Doug Liman (Indentidade Bourne), e baseado nos romances Fair Game, de Valerie Plame, e The Politics of Truth, de Joseph Wilson, o filme é uma realização necessária para manter vivo o tom de denúncia à postura antiética do governo americano ao declarar guerra ignorando o fato do oriente não ter condições de produzir armamento nuclear na época.

O filme, que se passa pouco depois dos atentados terroristas em 2001, não pode ser visto apenas como um drama pessoal de um casal em apuros. O thriler revela os “podres” de uma guerra planejada e alicerçada em mentiras e manipulações de informações. Uma pena que a maioria dos prejudicados com isso prefira se omitir, sequer dando crédito a verdade exposta nesse filme (e em tantos outros).

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