Doce Vingança (I Spit On Your Grave)“O filme que vai testar todos os limites da sua coragem. Está preparado?”. Resolvi encarar o desafio proposto no cartaz de “Doce Vingança” e fui conferir o filme que prometia chocar o público com cenas recheadas de ousadia e violência extrema. Tal objetivo esbarra numa abordagem mesquinha de um tema batido, sobrando ao espectador uma colagem pouco convincente de vários elementos presentes nos filmes de terror dos últimos 30 anos.

Na história, Jennifer Hills (Sarah Butler) é uma jovem escritora, que resolveu passar uns dias numa sossegada cabana na mata na intenção de escrever seu novo livro. Na pacata cidade, a presença de Jennifer é logo notada por um grupo de homens, que resolvem lhe dar um susto. A brincadeira passa dos limites e Jennifer é submetida a atos de humilhação, incluindo violência sexual, tortura física e psicológica. Após conseguir escapar dos agressores, Jennifer concentra todo seu tempo e forças para planejar sua vingança.

A maior parte do filme mantém um ritmo lento, beirando o monótono, porém os seus momentos finais são realmente chocantes. Na primeira aparição da moça após a agressão, sua aparência remete a uma assombração que ressurgiu com sede de vingança. Jennifer, outrora uma garota doce, ingênua e tranquila, se transforma numa criatura sem escrúpulos disposta a devolver na mesma moeda tudo aquilo que sofreu nas mãos daqueles rapazes.

“Doce Vingança” é uma refilmagem do terror trash “I Spit On Your Grave” (A vingança de Jennifer)de 1978, considerado um dos mais polêmicos da sua época e que por pouco não foi banido nos EUA. Certamente, o filme de 1978 seria considerado hoje apenas mais um que explora o conceito «trauma x vingança» com requintes de crueldade que foram utilizados à exaustão na sua respectiva época.

«A Vingança de Jennifer» pode ter sido até um filme a frente do seu tempo, porém a fórmula (repetida no remake) não funciona para o público de hoje, já acostumado a consumir obras que mostram o sofrimento alheio explicitamente. As barbaridades cometidas em «Doce Vingança» só servem para medir o nível de violência “aceitável” numa obra de entretenimento como essa, com a certeza que ainda estamos muito longe do limite como o cartaz promete.

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