Ti West é um jovem roteirista e diretor norte-americano do circuito «indie» de filmes de horror. Suas produções ainda não são muito conhecidas do grande público e nem fora dos Estados Unidos, mas podemos dizer que a mais famosa delas é «The House of the Devil», de 2009, filme que recebeu boas avaliações da crítica, sendo elogiado pela ambientação «retrô» de que o diretor o revestiu.

Em «The House of the Devil», Samantha (Jocelyn Donahue) precisa urgentemente de dinheiro para pagar o aluguel. Providencialmente – e de forma um tanto estranha – fica sabendo de uma oferta para trabalhar como babá por apenas uma noite. Ao chegar no endereço dos Ulman, família responsável pelo anúncio, percebe que há algo estranho: ao contrário do informado por telefone, ela não cuidará de crianças, e sim de uma velha senhora sobre a qual não lhe dizem muita coisa. Estranha também é a forma desesperada como o Sr. Ulman insiste para que a jovem aceite o trabalho, não hesitando em aumentar bastante o pagamento combinado de início. Como alerta Megan, amiga que acompanha Samantha até o local, «pode ser bom demais para ser verdade».

A história de temática e referências clássicas de The House of the Devil ganha ainda mais charme por conta da ambientação. É filmado como se se passasse em finais da década de 1970 ou início de 1980 e o espectador que começar a ver o filme sem saber do ano em que foi produzido certamente acreditará que se trata de uma produção da época. Desde as cores vibrantes dos créditos até a trilha sonora, passando pelas roupas e cabelos, tudo é cuidadosamente adaptado à estética dos anos 70/80. Numa das cenas mais legais, uma espécie de videoclioe no meio do filme, Samantha dança na casa dos Ulman ao som de uma música oitentista que toca no seu walkman.

Embora os filmes de Ti West agradem parte da crítica, o mesmo pode não acontecer com parte do público, e isso pelas características peculiares do diretor. Em seus filmes os acontecimentos se desdobram lentamente e os personagens não passam o tempo inteiro lutando, fugindo ou levando sustos. Pelo contrário, há longas sequências de diálogo sobre assuntos aleatórios, podendo dar ao espectador mais apressado aquela sensação de que «nada acontece». É como se Sofia Coppola fizesse filmes de terror, por assim dizer. Esse ritmo diferenciado pode causar estranhamento no público mais afeito à velocidade e à violência das produções de terror atuais.

Os filmes de Ti West são exemplos de como aproveitar bem os clichês do terror. Enquanto outros diretores são meros repetidores de clichês, ele os utiliza como referências, mas com um olhar criativo e inteligente que não esquece de cuidar do roteiro, dos diálogos ou de desenvolver bem os personagens. No mais, esqueça os sustos fáceis, o apelo excessivo pela violência, a tortura ou a necessidade de chocar. Seus filmes são feitos para aqueles que vêem no preliminar, no detalhe e na sugestão uma forma muito mais tensa de terror. O estilo próprio e talento do diretor são um alento para um gênero constantemente reduzido a produções de qualidade duvidosa.

Além de «The House of the Devil», vale também conferir «The Innkeepers», de 2011. No filme, dois funcionários de um hotel antigo, a fim de confirmar a lenda de que o local é habitado por forças sobrenaturais, resolvem dar uma de caça-fantasmas. Já para 2014 está previsto «The Side Effect», um terror psicológico que deverá ser protagonizado por Liv Tyler. Na trama, uma mulher que viaja ao espaço a serviço de uma empresa farmacêutica se descobre inexplicavelmente grávida.

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