Toda Forma de Amor (2010) é um filme que transita entre a leveza e a melancolia. Não é um daqueles dramas pesadões, mas também não chega a ser, por completo, um «feel good movie» ou uma comédia. O filme, dirigido e escrito por Mike Mills, às vezes se utiliza de elementos fofos, como o cachorro que bate uns papos com seu dono, e outras vezes foca nos momentos tristes e nos problemas de seus personagens, levando o espectador a transitar entre sentimentos de ternura e consternação.

A história contada é a de Hal Fields, que, aos 75 anos e diagnosticado com um câncer, se assume homossexual. E quem conta essa história, mais precisamente, é o filho de Hal, Oliver, que é infeliz no trabalho, tem problemas para se manter em relacionamentos amorosos e precisa lidar com a revelação da doença terminal e da orientação sexual do pai.

Essas revelações colocam-no diante de novas, angustiantes e confusas situações. Agora seu pai frequenta um novo círculo de amigos, tem um namorado muito mais jovem que ele e até participa de movimentos pelos direitos dos homossexuais. Oliver não apenas precisa se adaptar a esse novo momento, como também precisa cuidar da saúde do seu pai, acompanhando de perto o doloroso tratamento contra o câncer. Para entender essas mudanças e para melhor entender Hal, Oliver evoca lembranças da sua infância, da mãe e da vida em família que conheceu tempos atrás. Essas lembranças nos são apresentadas por meio de imagens, fotos e desenhos, um recurso que funciona bem e que reforça a estrutura fortemente narrativa do filme.

O que une os personagens principais (Hal, Oliver e Anna, uma atriz francesa com quem o segundo vive um romance) são as dificuldades que todos eles enfrentam para buscar e lidar com o amor. Hal, por exemplo, passou 44 anos num casamento heterossexual desgastado, para, depois da morte da esposa, assumir-se homossexual e mobilizar esforços para viver essa experiência e ter uma companhia masculina. Por outro lado, Oliver e Anna, esta última habituada a «ser sozinha» e a não criar vínculos com lugares ou pessoas, tentarão resolver, também, os seus problemas. Como o título em inglês (Beginners) aponta, Toda Forma de Amor é um filme que fala sobre iniciantes, sobre começos e superações.

Christopher Plummer, que interpreta Hal Fields, levou, por sua atuação, os prêmios Oscar e Globo de Ouro de melhor coadjuvante. Ewan McGregor e Mélanie Laurent, nos papéis de Oliver e Anna, também se destacam por suas interpretações sensíveis e bem construídas. Toda Forma de Amor, em sua tônica agridoce, emociona pela gravidade dos temas que aborda, mas também pela delicadeza com que nos apresenta seus personagens e nos aproxima deles. É interessante e sensível. Em suma, um bom filme.

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