Uma professora muito maluquinhaZiraldo é um mestre da literatura infantil. Seu modo simples de retratar as aventuras de seus personagens desperta nas crianças um grande interesse pela leitura e traz uma agradável sensação de nostalgia nos mais velhos. Em “Uma professora muito maluquinha” não é diferente, afinal, quem não teve aquela professora que marcou a sua infância de alguma forma?

Ziraldo assina o roteiro dessa adaptação literária onde Paola Oliveira interpreta Catarina Roque, uma professora nada convencional que muda completamente a rotina de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Seu método de ensino envolve leituras de gibis, exibição de filmes, aulas de campo, entre outras atividades, o que numa cidade interiorana da década de 40 com fortes traços católicos, não é bem visto por muitas pessoas.

Catarina passa por um tipo de perseguição por parte das outras professoras, mas seus alunos a adoram e passam a enxergar nela não somente uma professora e sim uma parceira, amiga e cúmplice. É interessante ver como essa relação aluno-professor é mostrada no filme. Catarina não é adepta do ensino entre as quatro paredes da sala de aula. O objetivo dela é incentivar os alunos a «ler o mundo» sem se prender a provas, apostilas e regras.

Se por um lado Ziraldo merece o nosso crédito pela criação da simpática personagem, não podemos deixar de citar a interpretação cativante de Paola Oliveira. A atriz brilha no filme representando muito bem a beleza e simplicidade da professora que encanta (quase) todos na cidade. O restante do elenco não tem muito espaço na trama, mas são igualmente competentes quando entram em cena, destaque para os excelentes Chico Anysio e Suely Franco que interpretam os avós de Catarina.

«Uma professora muito maluquinha» é um dos maiores sucessos da carreira de Ziraldo e já rendeu algumas revistinhas e especiais de TV. Faltava mesmo uma versão cinematográfica para tornar a personagem conhecida para a nova geração e despertar neles o interesse por outras obras tanto de Ziraldo quanto de outros autores brasileiros.

Numa época onde o cinema infantil produzido no Brasil carece de boas histórias, fico feliz em ver que um filme com bom teor educativo que se passa nos anos 40 consegue prender a atenção da pirralhad…err… criançada durante 90 minutos numa sala de cinema lotada e ainda deixá-las com aquele “gostinho de quero mais” no final da sessão. Se eles gostaram, pra mim é o que importa.

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