Distrito 9 (District 9)A chegada de alienígenas ao planeta Terra é um dos assuntos mais explorados na ficção científica. Na maioria das vezes, os seres extraterrestres são tratados como ameaça a sobrevivência humana, e na condição de vilões da história, travam uma disputa sangrenta com os humanos na disputa de um território. Porém ao assistir “Distrito 9”, o expectador precisa descontruir toda essa ideia apresentada anteriormente.

Logo no início do filme, somos transportados para uma realidade de 20 anos atrás, onde uma gigantesca nave espacial pairou sobre Joanesburgo, capital da África do Sul. Como estava defeituosa, milhões de alienígenas foram obrigados a descer à Terra. Eles foram alojados num local conhecido como Distrito 9, que em pouco tempo, se transformou numa espécie de favela, onde os ETs (chamados pejorativamente de “camarões”) viviam em péssimas condições de tratamento. Por estarem insatisfeitos com a situação e desejarem apenas ter o direito de ir embora, os ETs começam aos poucos a se rebelar, provocando saques, incendiando casas e provocando o terror entre os moradores.

Após uma pressão dos cidadãos de Joanesburgo, o governo decide mandar os alienígenas para uma área mais isolada do restante da cidade e contrata uma empresa para fazer o serviço de despejo. Durante este processo Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), um funcionário do governo, é contaminado por um fluido alienígena que o transforma em um simbionte. Nesse momento, o homem responsável por “caçar” os alienígenas precisa fugir daqueles para quem ele trabalhava para não virar uma cobaia humana.

O filme é quase todo feito em caráter documental, intercalando imagens de telejornais, câmeras de mão e entrevistas com «especialistas» no assunto. Esse recurso (que já virou moda), foi bem utilizado na trama, deixando o espectador imerso desde a primeira cena do filme. A excelente fotografia e os efeitos especiais dão conta de engrandecer ainda mais a produção (não podemos esquecer que o nome de Peter Jackson está envolvido no projeto).

O filme não investe em cenas de ação grandiosas – isso talvez decepcione algumas pessoas – os protagonistas não são heróis de ação estilo Will Smith e ao contrário do que costumamos ver, a nave alienígena não pousou sobre Nova York, Washington ou Califórnia. Em compensação, «Distrito 9» tem um teor de crítica social que pouco se vê em filmes do gênero – a clara referência ao apartheid não é por acaso.

Só pelo argumento inventivo, o filme já valeria a pena, o que o diretor Neill Blomkamp fez foi acrescentar a uma boa ficção científica uma dose de reflexão social. Com uma proposta diferente e ousada, “Distrito 9”trouxe algo novo para essa temática e talvez por isso ganhou tanto destaque no mundo inteiro mesmo não sendo uma superprodução.