O homem do futuroA utilização de elementos do cinema fantástico em comédias é algo recente em filmes brasileiros. Depois de «Se eu fosse você 1 e 2″ e «A Mulher Invisível» conquistarem o público com tramas que fogem um pouco dos padrões «globais», é a vez de «O Homem do Futuro» se apropriar de uma fórmula já desgastada pela indústria hollywoodiana para mostrar que o Brasil pode sim fazer ficção científica de um modo divertido e inteligente.

O filme conta a história de Zero (Wagner Moura, VIPs, Tropa de Elite 2), um cientista excêntrico e mau humorado que está desenvolvendo um acelerador de partículas junto com o seu melhor amigo Otávio (Fernando Ceylão). O projeto revolucionário, financiado por uma grande universidade do Rio de Janeiro, deveria ser uma opção viável de energia alternativa, porém um acidente num dos laboratórios transforma um simples experimento científico numa louca viagem ao passado.

Zero então volta 20 anos no tempo, onde reencontra Helena Horpe (Alinne Moraes), uma antiga paixão da época de faculdade. Ele nunca se conformou com a perda da garota e tampouco conseguiu superar o que aconteceu na fatídica noite de 22 de novembro de 1991, onde foi humilhado no baile de formatura. Vemos então o que transformou João, um estudante outrora ingênuo e tranquilo em um homem amargurado e solitário nos dias atuais. Com direção e roteiro de Cláudio Torres (o mesmo de «A Mulher Invisível» e «Redentor»), o filme trabalha com um humor leve e ritmo preciso a partir das aventuras de Zero.

O personagem descobre da pior forma que alterando o passado poderá obter resultados desagradáveis no futuro (uma lógica que não é novidade para nós espectadores). O trabalho do cientista agora é tentar corrigir as falhas que cometeu na tentativa de ter de volta a mulher que amava. Não é preciso destacar o grande talento de Wagner Moura na concepção do papel. O ator consegue desenvolver três versões de um mesmo personagem sem perder o completo domínio em cena. Sua parceira Alinne Moraes compõe uma personagem forte e atraente numa química perfeita com o protagonista. O restante do elenco inclui Maria Luisa Mendonça e Gabriel Braga Nunes em ótimas atuações.

Com boas referências à década de 90, que incluem jogos de futebol, músicas e programas de TV, «O Homem do Futuro» capricha nos detalhes de ambientação e não fica devendo nada a muitas produções estrangeiras que exploram a mesma temática. Cláudio Torres consegue através de uma mistura de gêneros (não comuns no Brasil) uma excelente história que garante diversão sem compromisso e agrada os fãs mais exigentes de ficção científica.

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