Último Tango em Paris (Le Dernier Tango à Paris)O Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual (Cinefuturo) está na sua sétima edição e, como sabem os que acompanham o evento, a cada ano um grande cineasta é homenageado. Já tiveram vez Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard e Píer Paolo Pasolini e, para esta edição, o escolhido foi o italiano Bernardo Bertolucci.

Na última terça-feira, 26, «Último Tango em Paris», produção franco-italiana de 1972, abriu a mostra dedicada ao diretor. Definido como um drama erótico, o filme foi alvo de censura em diversos países. No Brasil, por exemplo, só foi liberado em 1979, sete anos depois de sua estreia. E na Itália, uma semana após a primeira exibição, teve todas as suas cópias confiscadas, ao passo em que Bertolucci era processado por obscenidade.

Em «Último Tango» Marlon Brando e Maria Schneider são Paul e Jeannie. Ele, um americano atormentado pelo suicídio de sua mulher, e ela, uma jovem francesa prestes a se casar, se encontram por acaso num apartamento que ambos estão interessados em alugar. Ali dão início a um envolvimento sexual em que escondem seus nomes e os detalhes de suas vidas.

O envolvimento sexual entre os personagens (embora não represente a única leitura possível sobre o filme), é um elemento central que gera, até hoje, muita discussão. Organizações feministas vêem nas cenas de sexo (especialmente na famosa «cena da manteiga»), exemplo de misoginia. Além disso, a própria atriz Maria Schneider (falecida em fevereiro de 2011), deu entrevistas afirmando que o único arrependimento de sua vida foi ter participado do filme.

Aliás, em torno dos bastidores de «Último Tango» circulam várias histórias. Conta-se que Brando, como era de praxe, improvisou a maioria de suas falas, e que ficou brigado por mais ou menos 12 anos com Bertolucci (leia aqui texto do diretor sobre sua relação com Brando, quando da ocasião da morte do ator). Controvérsias à parte, trata-se de um filme belíssimo, ao mesmo tempo doce e cruel. Nele, os movimentos da câmera de Bertolucci e a atuação impressionante de Brando (vide cena do monólogo), são qualidades que saltam aos olhos.

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