O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button)“Eu nasci sob circunstâncias incomuns”. A frase narrada pelo protagonista nos primeiros minutos de “O Curioso Caso de Benjamin Button” já nos prepara para o que virá a seguir. Uma jornada não só curiosa (como sugere o título), como também uma bela narrativa que explora as relações de amor e amizade reveladas em um contexto totalmente inusitado.

Em 1921, uma teoria controversa defendida por Mark Twain dizia que “A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18”. O conto de Benjamin Button se apóia nessa idéia e questiona se de fato essa afirmação pode ser considerada verdadeira.

No filme, Brad Pitt (Bastardos Inglórios) vive Benjamin Button, um rapaz nascido Nova Orleans na noite onde a 1ª guerra mundial havia oficialmente terminado. Uma noite especial, como ele mesmo define. Logo que veio ao mundo, Button já aparentava ter muito mais idade do que as demais crianças recém-nascidas. Um bebê que já nascia velho.

Por apresentar uma aparência bastante incomum, não demorou muito para que o garoto fosse rejeitado e abandonado pelo próprio pai, que o deixou na porta de um abrigo para idosos. Com frio e faminto, o ‘bebê/idoso’ é acolhido no local e inicia uma longa trajetória de vida “ao contrário”.

O destino parece ter cuidado bem dos caminhos de Benjamin. Nada melhor do que receber os devidos cuidados em um ambiente repleto de pessoas carentes da mesma atenção. Importante lembrar que além da aparência de um senhor de 80 anos, Button também apresentava indícios de doenças que atingem principalmente idosos, desde visão prejudicada à problemas de coluna.

A estadia no asilo também serviu para que ele conhecesse figuras curiosas como uma experiente cantora lírica e um senhor que alegava ter sido atingido sete vezes por um raio (apesar do filme só ter mostrado seis situações em que isso ocorreu com ele). Também é lá que ele conhece Daisy (Cate Blanchett), a mulher que iria mudar completamente a sua vida. A relação entre os dois e os obstáculos para viver esse amor é o ponto principal da trama.

Enquanto Benjamin vai ficando mais jovem, as pessoas que ele mais ama estão envelhecendo e morrendo, afinal esse é ciclo natural da vida. Presenciar esses momentos não é uma tarefa fácil para uma pessoa que ganha mais vitalidade a cada dia que passa. Já para Daisy o difícil é conviver com a ideia de se envolver com uma pessoa que num certo ponto da vida vai ter «idade» para ser seu filho.

Baseado no conto homônimo de F. Scott Fitzgerald (que por sua vez, foi inspirado na famosa frase de Mark Twain) e dirigido por David Fincher (A Rede Social, Clube da Luta), o filme utiliza uma circunstância singular e improvável para transmitir uma bela mensagem. Rejuvenescer com o passar dos anos pode ter alguma vantagem (sobretudo estética), mas os malefícios dessa condição não compensam a descoberta da fórmula da juventude.

O filme surpreende também pelo trabalho muito realista de maquiagem e computação gráfica. O bebê com o rosto enrugado logo no início e Brad Pitt com um rostinho de garoto quase no final, é realmente de impressionar. Mas os efeitos visuais não são o maior mérito da produção, o roteiro assinado por Eric Roth (responsável por “Forrest Gump”) consegue conciliar muito bem os vários momentos e viradas que a história possui em suas 2 horas e 46 minutos de duração. Quem sonha em poder girar o relógio no sentido inverso, deve ter repensado as consequências disso após assistir esse filme.

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