Não vou questionar aqui a extrema simplicidade da história. O clichê é necessário, principalmente em histórias românticas, mas não é perdoado quando o filme não tem um bom ritmo, entrosamento entre os protagonistas ou um conflito interessante. Infelizmente, “Malu de Bicicleta” não entrega ao espectador o mínimo necessário para um envolvimento com a trama.
O primeiro ponto é a construção da personagem Malu. Bonita, ingênua e desajeitada, Malu é uma amante da vida “descolada” no Rio de Janeiro. Difícil acreditar que um empresário bem sucedido com tantas mulheres atraentes a sua disposição, largaria tudo por conta de uma garota como ela, totalmente o oposto da sua personalidade paranóica de Paulista. Amor? Se ao menos o desempenho do casal convencesse que há um intenso sentimento entre os dois, talvez. A máxima “os opostos se atraem” não funciona aqui.
Se o casal de protagonistas já não colabora para um bom funcionamento da trama, o elenco de “apoio” (cria da Globo, como sempre), deixa claro o quanto a maioria deles estão completamente deslocados em cena. Isso fica em cenas específicas como a da boate – os seguranças expulsam uma mulher do local e depois iniciam um papo “sem pé nem cabeça” sobre a força física da mesma.
O filme se perde em algumas situações constrangedoras na tentativa de divertir o público. Desde fazer Daniele Suzuki parecer uma sexy-ninfa-japa (até palavrão durante uma cena de sexo ela fala, veja você…) a trazer novamente a Marjorie Estiano com a mesma expressão de garota rebelde dos cabelos vermelhos («Malhação», lembra?).
Adaptação do livro homônimo do autor brasileiro Marcelo Rubens Paiva, «Malu de Bicicleta» é uma leitura inocente de uma inesperada relação amorosa. A grande falha está em supervalorizar o clichê a questão do amor a primeira vista, se esquecendo das tramas paralelas que também são importantes para o destino desse relacionamento.
No filme, os diálogos beiram o vergonhoso. Texto repetitivo e sem emoção, conseqüência de uma adaptação mal feita da obra literária. E se o grande conflito da história seria a aparição de uma “misteriosa” carta de amor, logo o espectador percebe que não é bem isso e a graça de esperar o desfecho da história simplesmente acaba.
Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas formam um par romântico perfeito para a novela das oito. O cenário provavelmente seria escolhido por Manoel Carlos e a protagonista se chamaria Helena. Se a proposta do filme era ser divertido e sem apelações (coisa que hoje não se vê nem em novelas), acabamos por contemplar uma história que poderia ter muito potencial, mas é tão “abafada” que se torna fraco ao invés de leve.
at 23:23
Corri desse filme e agora acho que acertei.
Belo texto
at 0:04
Adorei o texto. Ainda não vi esse filme…
at 0:48
Minha curiosidade era em realação a ser uma adaptação do livro de Rubens Paiva (li "Feliz Ano Velho" e adorei) mas, pelo visto, é mesmo uma grande decepção.
Vou deixar passar…
at 15:47
Talvez eu encare em DVD…. rs
at 22:21
Assisti a este filme no final de semana e achei interessante. A atuação do Marcelo Serrado acaba sendo o ponto alto. Só acho que o filme peca por ter uma visão um tanto machista das coisas.
at 22:21
humm, pela sinopse já não tinha chamado minha atenção, mas aí seria por questão de gosto.
nos filmes de romance brasileiros penso que sempre falta mais emoção…
tem um que quero ver com a juliana paes, ela gravou com atores americanos, e me pareceu interessante…(não me lembro o nome).
mas bem, eu não li o livro e pelo visto é um pouco decepcionante a adaptação pro cinema.
infelizmente.